Jovem Baleado em Maputo: Populares Carregam Corpo para a Estrada em Protesto Contra a Polícia
Polícia é Responsabilizada por Tiro Fatal Durante Protesto em Maputo
A cidade de Maputo registrou mais um episódio de violência na manhã desta terça-feira (18), quando um jovem foi baleado e morto durante uma intervenção policial no bairro Casa Branca, próximo às portagens da N4. Em resposta, moradores indignados levaram o corpo da vítima até o separador central da estrada, resultando em confrontos com as forças de segurança.
Contexto da Revolta
O incidente ocorreu no dia em que simpatizantes do ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane celebravam o autoproclamado "Dia dos Verdadeiros Heróis do Povo Moçambicano". Segundo relatos de testemunhas, a Unidade de Intervenção Rápida (UIR) entrou no bairro pela manhã, dispersando a multidão com gás lacrimogêneo e disparos, resultando na morte do jovem.
"Ele não estava a fazer nada, apenas saía de casa quando foi atingido", relatou um dos moradores. A revolta rapidamente se espalhou, com manifestantes arremessando pedras contra viaturas e enfrentando a polícia.
Carga Policial e Reação Popular
Por volta das 11h30, um grupo de jovens colocou o corpo da vítima na N4, interrompendo o trânsito. A polícia respondeu com novas rajadas de gás lacrimogêneo e tiros para dispersar os manifestantes. Após cerca de uma hora de tensão, os agentes do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) removeram o corpo, apesar da resistência popular.
Enquanto isso, manifestações eclodiram em diferentes partes da cidade, com uma redução notável na circulação de pessoas e veículos em Maputo, como se fosse um feriado oficial.
Repercussão e Impacto
A morte do jovem ocorre em um cenário de crescente instabilidade pós-eleitoral em Moçambique. Desde as eleições de 9 de outubro de 2024, protestos violentos já resultaram em aproximadamente 400 mortes, segundo organizações não-governamentais.
Além do jovem morto hoje, centenas de pessoas reuniram-se no cemitério de Michafutene para lembrar figuras como o rapper Azagaia, o advogado Elvino Dias e o político Paulo Guambe, todos vítimas de violência política nos últimos anos.
O incidente reacende questionamentos sobre o uso da força policial e a segurança dos cidadãos, enquanto as autoridades ainda não se pronunciaram sobre o caso.
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Fonte: Sapo.pt