Inhambane: Homens são forçados a casar com o cadáver da esposa antes do velório
Prática cultural polémica em Moçambique
Na província de Inhambane, no sul de Moçambique, homens têm sido obrigados a casar-se com as suas companheiras já falecidas antes mesmo do velório. A exigência parte das famílias da noiva, que impõem a realização do lobolo — casamento tradicional — mesmo após a morte.
Segundo os relatos, a prática visa corrigir o fato de que muitos casais vivem juntos por anos sem formalizar o casamento com a aprovação da família da mulher.
“Lobolo ou nada”: uma exigência tradicional
Casos como o de Sérgio Massalo ilustram a situação. Após viver 10 anos com a sua companheira, esta faleceu, e a família dela exigiu que ele realizasse o lobolo antes do enterro. “Era uma obrigação”, contou ele à DW.
Outro caso relata que uma família chegou a oferecer a irmã mais nova da falecida como substituta após o lobolo. O homem recusou, demonstrando o peso emocional envolvido nestas situações.
Pressão social e consequências
Em alguns casos, a recusa ou ausência do lobolo pode levar até à exclusão em cerimônias familiares. Eunice Gonçalves perdeu um filho, mas o pai dela não participou do velório do neto porque o genro “não havia feito nem a apresentação”.
As autoridades locais reconhecem que essa é uma prática comum, mas reforçam: não é legal. O diretor provincial da Justiça, Ângelo Paunde, afirma que “não se pode casar com uma pessoa morta e inexistente” e defende campanhas de educação cívica para abandonar o costume.
Apoio comunitário em casos extremos
Quando os noivos não têm meios financeiros para cumprir o lobolo, líderes comunitários chegam a mobilizar os moradores para ajudar com dinheiro, caixão e alimentação, como contou a secretária de bairro Carlota Fanheiro.
Opinião final: Tradição ou violação de direitos?
Apesar de fazer parte da cultura local, essa prática levanta sérias questões sobre direitos humanos e respeito à dignidade. É possível equilibrar a tradição com os princípios da justiça moderna?
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