Tarifa na carne? Brasil em alerta com possível decisão da China
A China anunciou que tomará uma decisão "justa e objetiva" após uma audiência sobre a investigação em andamento relacionada às importações de carne bovina. Essa revisão pode resultar na imposição de tarifas mais altas ou na restrição das importações caso seja identificado um risco à indústria local.
Investigação e impacto no mercado global
A investigação, iniciada no ano passado, não se limita a um país específico, abrangendo toda a carne bovina importada pela China. O processo ocorre em um contexto de queda na demanda e excesso de oferta interna, o que pressiona o mercado chinês, um dos maiores consumidores e importadores de carne bovina do mundo.
Na audiência realizada nesta segunda-feira, participaram cerca de 180 representantes, incluindo autoridades de grandes países exportadores como Brasil, Argentina, Uruguai, Austrália e Estados Unidos. Além disso, exportadores, associações comerciais, importadores chineses e produtores locais de carne bovina também marcaram presença no evento organizado pelo Ministério do Comércio da China.
Preocupação entre os exportadores
Em 2024, a China registrou um recorde de importação de 2,87 milhões de toneladas de carne bovina. A possibilidade de restrições comerciais gera grande apreensão entre os principais fornecedores. O porta-voz da Federação de Exportação de Carne dos EUA, Joe Schuele, destacou que a carne bovina americana atende principalmente ao setor de alto padrão na China, não competindo diretamente com a produção nacional chinesa, que possui preços mais acessíveis.
Já um consultor brasileiro da indústria de carne bovina, que preferiu não se identificar, afirmou que a carne do Brasil é altamente competitiva em termos de preço, o que pode impactar diretamente segmentos do mercado interno chinês. "Todos no setor estão atentos ao desfecho dessa investigação", disse o especialista.
Suspensão de importações e futuro incerto
O setor já enfrenta desafios. No mês passado, a alfândega chinesa suspendeu temporariamente as importações de carne bovina de seis empresas localizadas no Brasil, Argentina e Uruguai. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes informou que essas empresas não cumpriram alguns requisitos chineses para o registro de estabelecimentos estrangeiros, mas não detalhou quais foram as irregularidades.
Entre as afetadas, está uma unidade da JBS em Goiás, uma das principais fornecedoras de carne bovina para a China. "O temor é que mais suspensões possam ocorrer", alertou o consultor brasileiro.
A investigação deve durar até oito meses, mas pode ser prorrogada caso as autoridades chinesas considerem necessário. Enquanto isso, a China ainda não renovou os registros de exportação de instalações de carne bovina dos EUA vencidos em março, gerando incerteza nos negócios e hesitação entre os importadores.
Para os exportadores, qualquer nova restrição pode comprometer significativamente as vendas, principalmente considerando que os EUA já lidam com uma tarifa de 10% sobre a carne bovina como parte das sanções comerciais da China a produtos agrícolas americanos.
Brasil, Uruguai, EUA e Austrália seguem como os principais fornecedores de carne bovina para o mercado chinês, mas o futuro das exportações ainda permanece incerto diante da análise em curso.
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